Inflação faz Copom elevar Selic a 7,5%, primeira alta desde 2011
Decisão do BC acontece em meio a temor de disparada da inflação.
Alta de 0,25 é a menor praticada pelo BC; medida deve encarecer crédito.
Para tentar conter a inflação elevada, o Comitê de Política Monetária (
Copom)
do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) elevar a taxa de juros
de 7,25% para 7,5% ao ano. Trata-se da primeira elevação da Selic desde
julho de 2011 – quando a taxa subiu de 12,25% para 12,5%.
A decisão, já esperada por parte dos analistas de mercado, interrompe o
período de juros na mínima histórica, que nos últimos meses havia
levado ao barateamento do crédito, com consequente aumento do consumo
pelas famílias brasileiras. A taxa de 7,25% era o menor patamar
histórico da Selic e vigorava desde outubro de 2012.
“O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de
aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação
mostre resistência e ensejam uma resposta política monetária”, diz nota
divulgada pelo Banco Central na noite desta quarta, após o fim da
reunião do Copom, e que justifica a elevação da Selic.
“Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e,
principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e
recomendam que a política monetária seja administrada com cautela”,
completa a nota, indicando a explicação para a alta de apenas 0,25 ponto
percentual, a menor praticada pelo Banco Central.
A alta dos juros não foi unânime entre os membros do colegiado: foram
seis votos a favor e outros dois pela manutenção da taxa em 7,25%.
Votaram pela elevação: Alexandre Tombini (presidente do BC), Altamir
Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo,
Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Já pela manutenção em 7,25%,
votaram os membros Aldo Luiz Mendes e Luiz Awazu Pereira da Silva.
Inflação
O aumento da Selic ocorre num momento em que cresce o temor de
descontrole da inflação em 2013. Na semana passada, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (
IBGE)
divulgou que o IPCA acumula alta de 6,59% em 12 meses até março, acima
do teto da meta de inflação estabelecida pelo BC para o ano.
Com a alta dos juros, o Banco Central mira justamente a inflação. A
decisão deve levar a um encarecimento do crédito, o que deve levar as
famílias a frearem o consumo. Com menos compras, a tendência é que o
preço dos produtos caia.
Efeito no PIB
Parte dos analistas de mercado, porém, apostava na manutenção da Selic
em 7,25% nesta quarta. Isso porque, junto com a inflação, também existe a
preocupação do governo em manter a economia aquecida para combater os
efeitos da crise internacional.
No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9%. Com a alta
dos juros nesse momento, a previsão é de que a retomada do crescimento
da economia brasileira fique mais difícil – com impacto na criação de
empregos e no salário dos trabalhadores.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os
juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao subir os juros, o BC
atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que
a inflação está compatível com a meta.
Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um
intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para
baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta
seja formalmente descumprida.
Rendimento da poupança
A elevação dos juros básicos aumenta a rentabilidade da caderneta de
poupança. Pelas regras definidas pelo governo, a poupança passou a ser
atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a
Taxa Referencial, quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Com juros em 7,5% ao ano, a remuneração da poupança sobe de 5,07% para
5,25% ao ano mais TR. Antes da mudança das regras, a poupança rendia,
pelo menos, 6,17% ao ano, mais TR. Na poupança, porém, não é cobrada
taxa de administração e nem Imposto de Renda (IR) - ao contrário dos
investimentos em fundos. Os recursos podem ser sacados a qualquer
momento.